domingo, 18 de maio de 2008

Demolição da Antiga Ermida de Stº André

A Antiga Ermida de Santo André

A antiga ermida de Santo André da Telha localizava-se no topo do Largo com o mesmo nome e a sua existência é conhecida pelo menos desde 1523. O local é rico do ponto de vista das referências históricas, pois a Telha constitui uma das povoações das mais antigas do concelho do Barreiro, já referenciada desde 1320.

À ermida da Telha estiveram ligadas figuras do Barreiro da época dos Descobrimentos, facto conhecido pelas doações que lhe fizeram.

Com o terramoto de 1755 a ermida, tal como a maior parte dos edifícios da região de Lisboa sofreu grandes estragos e muito provavelmente a sua reparação nunca foi concluída ou demorou muitos anos, pois em 1893 Júlio Castilho, na obra “Ribeira de Lisboa”, refere-se à Igreja Paroquial de Santo André e diz «… caiu-lhe a torre e metade do que era templo serve hoje de palheiro. Conserva-se a outra metade como capela, pertencente a um súbdito inglês…».

Em 1997, para responder a um pedido de Informação Prévia/Viabilidade de Construção, foi solicitado um primeiro parecer ao Sector do Património, que emitiu a informação que transcrevo: « Parecer Técnico - Antiga Igreja de Santo André - Projecto de viabilidade de construção:O local onde o requerente pretende construir situa-se em área que do ponto de vista histórico e patrimonial é um dos mais antigos do actual concelho do Barreiro (o lugar da Telha é referenciado em documentação do Mosteiro de S. Vicente de Lisboa em 1320). »

A C.M.B, pediu recentemente um parecer ao IGESPAR no sentido de saber se a antiga ermida teria interesse patrimonial de âmbito nacional.

O IGESPAR, após ter visitado o local, e analisado os elementos constantes no processo, e considerando os critérios enunciados de uma forma geral no artigo 17º da Lei 107/2001 de 8 de Setembro, e atendendo que, conforme a) do nº 2 do artigo 20º da Lei nº 159/99, DE 14 DE Setembro, e nº 1 do artigo 94º da Lei 107/2001 de 8 de Setembro, relembra que a competência para a classificação como interesse municipal é hoje dos órgãos municipais, sendo que, só posteriormente é que poderá vir a ser classificado como tal.

A Câmara Municipal, parece desconhecer as suas competências e afasta responsabilidades na preservação da memória e do passado histórico do Barreiro!

Eu pergunto: E o interesse municipal? E o nosso passado histórico? E a nossa memória?

Será que não haverá aqui, mais um construtor com interesses...que vão para além da história?
E nós, o que fazemos? Eu, não me calo e denuncio!

Caros Barreirenses, agora já não andamos...desandamos!!
Fiquem o melhor possível!
Carlos Duarte


4 comentários:

Anónimo disse...

Memória?

Mas aquilo não era uma Tasca?

Onde até se bebia para esquecer?


Só estes tipos é que se lembravam de imputar a um organismo da administração central a responsabilidade pela não classificação que é da competência do município!

Anónimo disse...

Boa noite, a estação do Barreiro A foi derrubada, mais uma memória que se perde esta de forma definitiva. Aquelas fachadas de azulejo que nos habituamos a ver quando apanhávamos o comboio para irmos para a Tróia, quantos não namoriscámos por ali. Tudo derrubado entre as 18.00 horas do dia 19 e as 7.00 de dia 20 de Maio de 2008. Sinais de repulsa por tal acto? Não vi! Discutir a sua preservação ou não? Nada. Pois é, não deixa de ser engraçado.

antónio

Carlos Duarte disse...

Caro António:
Obrigado pelo seu contributo. Como é um espaço "escondido", terá passado despercebido. Confesso que a mim também passou.
Prometo que darei destaque a este assunto.
Apareça, e mais uma vez obrigado pelo seu contributo.
Este espaço também é vosso.
Carlos Duarte

Anónimo disse...

Alguém viu por aí algum elemento do movimento "independente" de defesa da "memória ferroviária" e mais não sei o quê? Ou já terão passado à clandestinidade?

http://www.refer.pt/pt/noticia.php?id=410